A Internet e a Docência

Um grande marco de transformações mundiais, alvo e fundamento de muitas mudanças ocorridas em todas as áreas, no século XX, foi a Revolução Industrial com o surgimento do mecanicismo. O final do século XX caracteriza-se pelo surgimento da tecnologia e a popularização da Internet com sua utilização exponencial no ciberespaço.

Assim como a era da industrialização trouxe inúmeros prejuízos ao homem, são inegáveis os avanços que a humanidade alcançou. As tecnologias, igualmente, possuem inúmeras facetas, as quais se caracterizam por apresentar perigos e malefícios, bem como auxílios e contribuições benévolas à sociedade contemporânea.

A Internet oferece através da World Wide Web acesso a um gigantesco acervo de informações e dessa forma possibilita a construção do conhecimento pela pesquisa.

A educação através da pesquisa representa uma estratégia pedagógica, que possibilita uma compreensão significativa dos conteúdos e a busca para resolver uma situação-problema e, através do espaço livre para autoria, contribui para o processo contínuo da aprendizagem.

A falta de conhecimento mais amplo da Internet e de todas as suas potencialidades, especialmente com relação à comunicação, no que diz respeito ao educador no sentido de saber explorá-la adequadamente como recurso pedagógico, é um dos grandes problemas existentes.

Cabe ao professor conhecer a Internet para auxiliar seus alunos a não se perder no emaranhado de informações a identificar, entre tantas possibilidades, àquela verdadeiramente importante e aguçar suas habilidades de pesquisa e síntese e, absorver somente a informação significativa.

O ambiente da Internet possibilita também encontrar amigos, ler livros on-line, fazer compras, participar de fóruns e de debates. Outra possibilidade é ser autor de um site que leve, à rede da Internet, informações sobre um determinado assunto.

Os espaços livres para autoria são ferramentas que o professor e aluno têm para ser autor, criar e desenvolver projetos em contínuo processo de aprendizagem. Convém lembrar que esses espaços de autoria, não possuem vigilância e, dessa forma, o conteúdo editado pode não ser confiável. Nesse contexto, o papel do professor passa a ter uma nova configuração. Cabe ao professor exercer o seu papel como observador, investigador, mediador e facilitador das ações dos alunos e da produção de documentos de sua autoria.

O exercício da docência associada ao uso da tecnologia, exige que o professor busque constante aperfeiçoamento e passe a ser um usuário da rede para ter conhecimento e propor trabalho na Internet. Assim, sua prática pedagógica passa a conceber os alunos como sujeitos e não mais como objetos, passivos a sua ação ou do conhecimento posto pelo professor. O diálogo vem a ser constante no processo de mediação entre a atividade proposta e a criação do aluno. O professor necessita descobrir a aprendizagem real que existe no aluno e atuar no sentido de desenvolver o seu potencial. A percepção é uma habilidade indispensável que o professor necessita cultivar para conhecer seus alunos e introduzir práticas pedagógicas eficazes. Assim, a partir de um contexto lúdico e desafiador e, de uma situação problema preparada pelo professor, os educandos pesquisam, criam hipóteses de solução, elaboram síntese e publicam na Internet, explorando diferentes ambientes através de um trabalho cooperativo que possibilita a construção de novos conhecimentos e desenvolvimento da inteligência a partir de suas próprias descobertas.

Quanto aos perigos existentes na Internet, há sim a necessidade de ocorrer um controle por parte não só do professor, mas também por parte da direção e técnicos responsáveis pelo laboratório de informática. Medidas de segurança existentes são inúmeras e devem ser ativadas. Com relação ao desenvolvimento de uma aula, o professor deve se assegurar de que todos os alunos estejam obtendo as mesmas informações, sem possíveis desvios e produzindo conhecimento de forma linear, através do planejamento de sua aula, onde fornecerá os sites e links, os quais os alunos devem acessar e fazer a coleta de dados e informações.

Momentos de liberdade para navegar, são interessantes e devem ser oportunizados, porém orientados, disciplinados e vigiados, inclusive com o bloqueio técnico de sites não indicados. A elaboração de regras pode ser algo construído no coletivo o que proporcionará de forma democrática, o exercício da cidadania, onde as questões de responsabilidade ética e legal serão debatidas e assimiladas.

Quando todas essas questões estiverem resolvidas, outra de fundamental importância diz respeito à linguagem. A língua padrão deve ser respeitada e cultivada. A escola e as instituições da sociedade se alicerçam nela. Escrever de modo claro e objetivo e com correção é condição para que o processo de comunicação ocorra com eficácia, sem prejuízo aos envolvidos.

Algumas ferramentas virtuais de comunicação são espaços criativos, que permitem uma flexibilização da linguagem aproximando-a da língua falada, possibilitando a criação de novas formas de expressão. Abreviaturas, sinais gráficos, desenhos animados que descrevem ações e emoções são novidades adotadas nesses espaços virtuais. Outros espaços virtuais de utilização profissional devem ser respeitados através do uso correto da linguagem. O texto e-mail, por exemplo, pode ser elaborado com correção, pois permite condições e tempo para isso. É sempre bom um profissional comunicar-se com correção, pois isso serve também como propaganda da sua imagem.

Estas são questões de imperiosa observância por parte do professor quando da orientação aos alunos. É preciso ficar claro que todos os espaços devem ser respeitados e a língua culta preservada e cultivada.

Para a ação pedagógica lograr êxito, é importante a afetividade e a linguagem como dois pontos de ancoragem significativos para que haja a construção de conhecimento.

O profissional da educação, antes de tudo, é um ser humano que necessita alimentar-se afetivamente, construindo sua auto-imagem e auto-estima. O professor que valoriza e nutre a sua vida com pensamentos positivos, aperfeiçoa-se constantemente, zela pela sua saúde, seu lazer, seu auto-conhecimento, estabelece comunicação e procura relacionar-se afetivamente com seus alunos, certamente, transforma em ações significativas a sua prática pedagógica e passa a ser respeitado.